Mestrado em Gestão e Conservação da Natureza

... sobre o território comum, olhar a realidade de forma integral e de modo científico

Maria Cristina da Silva Ribeiro Marinho

Desperdício de produtos hortofrutícolas percebido por famílias de uma freguesia citadina nos Açores

Orientadores:
  • Rosalina Gabriel
  • Ana M. Arroz
  • Rui B. Elias

  • Dissertação disponível em: http://hdl.handle.net/10400.3/4324

    Resumo

    Cerca de metade da comida produzida em todo o mundo vai para o lixo. Muitos fatores contribuem para o desperdício, envolvendo aspetos da cadeia de produção tão diversos quanto os modelos intensivos de produção adotados, as condições inadequadas de armazenamento e transporte ou até as promoções que encorajam os consumidores a comprar em excesso. Nos últimos tempos têm surgido vários estudos relacionados com o desperdício alimentar, reconhecendo-o como um caso bem ilustrativo de insustentabilidade, pelas significativas consequências sociais, ambientais e económicas que comporta. Várias facetas do problema estão relacionadas com as escolhas e comportamentos dos consumidores, não só pelas quantidades que compram ou pelas estratégias de conservação que utilizam, mas também pelos critérios de consumo que orientam as suas compras.
    Em que medida o aspeto, a cor e o formato da fruta e dos legumes serão mais ou menos determinantes na escolha dos frescos do que outras questões como a imoralidade da fome e ética do mercado, a insustentabilidade ambiental ou a proteção do mercado regional, por exemplo? Perceber em que medida os terceirenses estarão despertos para esta problemática levou à realização de um inquérito, por questionário hétero-administrado, que visa caracterizar as perspetivas de 200 famílias da freguesia de Santa Luzia (Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores) acerca da dimensão do desperdício de produtos hortofrutícolas no mundo e as representações que fazem das suas práticas de consumo e de desperdício. Pretendeu-se que os resultados deste estudo permitissem perceber o grau de consciencialização das pessoas relativamente a este fenómeno e identificar os motivos que lhe subjazem, podendo contribuir para fundamentar a conceção de programas de intervenção que visem reduzir o desperdício alimentar. Daí que se tenha dado uma ênfase particular à exploração da recetividade dos inquiridos a produtos que, mantendo a qualidade nutricional, não pertencem à norma elitista dos mais perfeitos, belos e viçosos exemplares.
    De acordo com os resultados, as perspetivas dos consumidores sobre a escala do que é desperdiçado e o destino dado a esses produtos fora de formato correspondem, genericamente, aos contornos reais do problema, mostrando que se encontram satisfatoriamente informados. A representação que fazem das suas práticas de consumo e dos critérios que as suportam, bem como a recetividade que manifestam à compra e ingestão de produtos manchados, retorcidos e feios foram superiores ao esperado. Tais resultados indiciam por parte dos inquiridos uma atitude favorável a medidas de mitigação do desperdício alimentar, tais como, a adesão a mercados solidários em que estes produtos são disponibilizados a menores preços, levando a propor o alargamento à Ilha Terceira de projetos como o da Fruta Feia.
    Contudo, de acordo com a caraterização que fazem das suas práticas de conservação e de reaproveitamento de hortofrutícolas, perspetiva-se uma área lacunar que beneficiaria da disponibilização de ações de formação e de outras estratégias de informação que ajudassem os cidadãos e diminuir o desperdício de frutas e legumes nas suas casas.
    São discutidas implicações dos resultados para programas de sensibilização e consciencialização para implementar junto da população.

    Siga-nos em:

  • Centros de investigação que apoiam o mestrado