Mestrado em Gestão e Conservação da Natureza

... sobre o território comum, olhar a realidade de forma integral e de modo científico

Carina Andreia Ormonde Mendonça

Perceção de risco dos intervenientes nas touradas à corda na ilha Terceira - Açores - Portugal

Orientadores:
  • António Félix Rodrigues
  • Emiliana Silva

  • Dissertação disponível em: http://hdl.handle.net/10400.3/1569

    Resumo

    A tourada à corda faz parte integrante do património da ilha Terceira, tradição secular e aglutinadora de multidões, mostra-se cada vez mais vincada no povo terceirense e até já vem sendo uma tradição muito apreciada pela população das outras ilhas. Apesar de ser uma atividade muito popular, também é assunto de grande controvérsia, não só no que diz respeito aos direitos dos animais, mas também no que se refere à exposição voluntária ao risco por parte de muitas pessoas. Nesse contexto, pretendeu-se investigar o modo como os vários intervenientes percecionam, concebem e se posicionam face ao risco físico ou de morte desta atividade, como também inventariar os valores envolvidos, de modo a fornecer indicações que permitam uma comunicação de risco eficaz. A metodologia de investigação utilizada, constou da aplicação de um questionário a quatro grupos distintos, intervenientes nas touradas à corda, que foram designados por: Capinhas, Pastores, Ganaderos e Público em geral (N=50). Recorreu-se ao paradigma psicométrico e a conceitos como a preocupação e valorização, para avaliar as perceções de risco e respetivo posicionamento dos inquiridos, associados a valores ético-morais, sociais e ambientais. O perfil de risco nas touradas à corda foi muito distinto de grupo para grupo, bem como, a perceção de risco associada às diferentes “tarefas” que cada um desempenha. O risco das touradas à corda foi mais valorizado pelos grupos que lhe estão mais expostos, não havendo negação do risco pelos que lhe estão mais vulneráveis. Os inquiridos terceirenses, pertencentes ao grupo do público, percecionaram riscos de morte mais elevados, do que os não terceirenses, contrariamente aos verificados para os riscos de invalidez e ferimentos ligeiros. Os inquiridos mais jovens e as mulheres, pertencentes ao grupo do público percecionaram riscos mais elevados, do que os restantes inquiridos de outros escalões etários e do sexo masculino. Os direitos ou bem-estar e dignidade dos animais foram conceitos muito valorizados pelos capinhas, enquanto a educação, os direitos humanos e a dignidade humana, foram mais valorizados pelos restantes grupos. Perante vários fenómenos de risco, as touradas não foram o fenómeno mais preocupante, de um modo geral, os riscos associados a fenómenos ambientais assumiram perceções de risco mais elevadas por parte dos inquiridos. De acordo com os resultados obtidos, no final do trabalho, são sugeridas algumas pistas para a elaboração de uma comunicação de risco em torno desta atividade.

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