Mestrado em Gestão e Conservação da Natureza

... sobre o território comum, olhar a realidade de forma integral e de modo científico

Nídia Fernanda Martins Homem

Biodiversidade, Conservação e Gestão de Briófitos em diferentes escalas espaciais, nas florestas naturais dos Açores (Ilhas Terceira e Pico) MCGN

Orientadores:
  • Rosalina Gabriel
  • Paulo A.V. Borges

  • Resumo

    O arquipélago dos Açores, foi um dos últimos locais Europeus a ser colonizado pelo homem, e em parte por isso, conseguiu manter até aos nossos dias algumas áreas praticamente intactas, geralmente ocupadas por floresta natural. As ilhas Terceira e do Pico são as que possuem o maior conjunto de áreas de vegetação natural sub-intactas, ainda que estas se encontrem fragmentadas Uma das características mais interessantes destas florestas é a sua riqueza em invertebrados endémicos e em particular a sua extraordinária abundância e riqueza em briófitos (musgos, hepáticas e antocerotas), que no entanto têm sido pouco estudadas. O desenvolvimento de técnicas ou métodos para preservação de briófitos ou tipos de vegetação dominadas por briófitos é escasso, no entanto, estas plantas desempenham papéis cruciais no ecossistema, uma vez que influenciam a regulação hídrica dos locais onde se encontram, o ciclo de nutrientes, e são geralmente indicadores de qualidade e pureza ambiental.
    Oito fragmentos de floresta nativa dos Açores, nas ilhas Terceira e Pico, foram amostradas de modo padronizado, conseguindo-se com esse trabalho um inventário dos briófitos em quatro substratos tipicamente ocupados por briófitos (solo, rocha, e troncos de duas espécies endémicas: Laurus azorica e Juniperus brevifolia). Estas áreas foram avaliadas e comparadas em termos de riqueza específica, taxa de endemismo e de raridade, com vista a i) estabelecer prioridades de conservação em relação às espécies identificadas; ii) determinar a melhor escala para a conservação de briófitos (ilha, fragmento, transecto ou substrato) e iii) delimitar locais para uma eventual criação de microreservas de briófitos. .Este trabalho pretende também, contribuir para um melhor conhecimento e valorização deste grupo de pequenas plantas, encorajando a sua observação e o seu estudo.
    Um resultado de grande importância é o facto de a maior parte dos fragmentos possuírem uma riqueza global estimada (riqueza gama estimada) muito alta e semelhante entre si, o que valoriza essas áreas. Em termos de riqueza beta, ou seja, a taxa de substituição de espécies, salienta-se a importância da escala dos fragmentos estudados (reservas), quando comparada com as restantes escalas em análise (transectos e substratos). Isto indica que, cada área de floresta nativa tem um valor único em termos da composição de briófitos, e que pelo menos uma micro-reserva por fragmento deve ser considerada como mecanismo de gestão para a sua conservação nos Açores.
    A criação de microreservas nas zonas delimitadas como “hotspots” (de maior diversidade específica) seria o ideal para a conservação deste grupo, pois abrangeria grande número de espécies (riqueza) tal como grande diversidade (espécies raras de várias áreas): Estas áreas, agora identificadas, terão de ser submetidas ao processo de implementação até serem declaradas legalmente microreservas.

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