Reinaldo Macedo Soares Pimentel
Contributo para o conhecimento da mosca-do-mediterrâneo na ilha Terceira
Contributo para o conhecimento da mosca-do-mediterrâneo na ilha Terceira
Orientador:
Resumo
A mosca-do-Mediterrâneo (Ceratitis capitata Wiedemann) (Diptera: Tephritidae) é nativa do Norte de áfrica contudo, graças à sua elevada plasticidade ecológica, invade com grande facilidade novos habitats e daí, actualmente, ser considerada uma importante praga a nível mundial de frutos frescos. Na Região Autónoma dos Açores, a bioecologia, o comportamento da mosca-do-Mediterrâneo (Ceratitis capitata Wiedemann) e a sua dispersão dentro da Ilha Terceira foram estudados no âmbito dos trabalhos desenvolvidos pelos Projectos Interfruta e Interfruta II. No âmbito do Projecto Interfruta II, foi instalada uma rede de armadilhas desde os 0 aos 200 metros de altitude, à volta da Ilha Terceira. Esta rede permitiu conhecer a real dispersão desta praga na Ilha Terceira e acompanhar a evolução populacional dos seus adultos ao longo dos diferentes meses do ano, durante mais de três anos. No decorrer dos trabalhos de campo, inerentes à rede de monitorização, foram realizadas amostragens aleatórias de frutos perto da maturação. Foram igualmente recolhidos frutos de infestantes. Os testes de dispersão de machos esterilizados foram realizados na zona de produção de maçãs (Biscoitos) e urbana (Angra do Heroísmo), de modo a averiguar o grau da sua capacidade de mobilidade e adaptabilidade às condições orográficas e climáticas da Ilha Terceira, foram concretizados seguindo o modelo de dispersão multiposto rodeado por dois círculos concêntricos de armadilhas a 100 e 200 metros dos pontos de dispersão. De acordo com os dados obtidos na monitorização, foram detectados 15 focos de elevada densidade populacional, de fêmeas adultas de Ceratitis capitata Wiedemann, coincidentes também com os principais focos de infestação de frutos. Os frutos mais atacados pela mosca-do-Mediterrâneo (Ceratitis capitata Wiedemann), foram as Nêsperas e os Figos, sendo que os frutos da infestante Solanum mauritianum Scop. revelaram-se ser um óptimo hospedeiro para a sobrevivência e a propagação da mosca-do-Mediterrâneo (Ceratitis capitata Wiedemann) na ausência de outros frutos mais apetecíveis pela praga. Tendo por base esses mesmos registos de capturas e dados climáticos, foi possível construir e validar um modelo de previsão de risco e constatar que as fêmeas da mosca-do-Mediterrâneo (Ceratitis capitata Wiedemann) apresentam maiores susceptibilidades de serem afectadas pelos factores climáticos. O modelo obtido apresenta uma forte correlação (90%). No entanto, os valores estimados terão tendência a serem, em termos quantitativos, 25% superiores à densidade populacional observada no campo. Dos testes de dispersão, verificou-se que estes são uma boa possibilidade de aplicação como meio de protecção alternativo, eficaz e promissor, na limitação populacional desta praga das culturas frutícolas terceirenses.