A presente dissertação incide sobre um dos países mais ricos do continente Africano em termos florísticos, Angola, numa abordagem preliminar à adopção de futuras medidas de conservação. São apresentados pela primeira vez os mapas das ocorrências das espécies endémicas pertencentes às famílias Fabaceae, Capparaceae e Cleomaceae, tendo no caso das duas últimas sido estimados mapas de distribuição potencial sempre que possível. Identificam-se as principais zonas geográficas de ocorrência destes endemismos e comparam-se com a actual rede de áreas protegidas existentes no país. Durante a realização do trabalho os espécimes de herbário das famílias em causa foram digitalizados, a correspondente informação de etiqueta inserida em base de dados e a sua localização georreferenciada. Os dados das espécies endémicas do herbário LISC foram complementados com os dados dos herbários COI, B, PRE, P, consoante o espólio existente em cada um. Foram analisados cerca de 1400 espécimes de leguminosas endémicas de Angola, dos quais se conseguiram localizar geograficamente 1380, e 125 espécimes pertencentes às famílias Capparaceae e Cleomaceae, todas estes últimos georreferenciados. Foi também levada a cabo uma revisão taxonómica destes espécimes, tendo sido actualizadas as classificações previamente atribuídas, baseadas na obra Conspectus Florae Angolensis. Existem 185 taxa de Fabaceae endémicos para Angola, consistindo em 165 espécies e 20 taxa infraespecíficos, e 15 espécies de Capparaceae s.l. Nas leguminosas os géneros Crotalaria e Indigofera são os que incluem maior número de espécies endémicas, enquanto que nas outras duas famílias são os géneros Cleome e Boscia os mais numerosos. A análise da distribuição dos endemismos aponta para a confirmação da existência de dois principais centros de endemismo, no SO e Centro de Angola, zonas que no terreno se localizam no planalto da Huíla e fronteira com o Namibe e no Huambo.